Mestra Kuan Yin

A Mestra Kuan Yin

Kuan Yin é uma deusa venerada em todo o oriente. Conhecida como a Deusa da Compaixão, teve seu culto iniciado na China, há milênios atrás.

A principal força arquetípica que ela representa é a da Grande Mãe, por ser a protetora das mulheres grávidas e das crianças.

Mas Kuan Yin é ainda um grande mistério para os ocidentais, porque quando tentamos entender a cultura oriental, metade do sentido é perdido só na tradução.

Lembro-me de um sonho que tive quando criança: uma senhora oriental de aspecto doce e firme e de uma presença inesquecivelmente bela, no pátio da minha escola. A lembrança do sonho é só essa, mas a sensação foi de proteção e sintonia com esse ser, por muitos anos da minha vida. E só vim saber o nome dela quando eu tinha meus 20, talvez 30 anos.

Kuan Yin é conhecida por ter várias facetas. Ela carrega vários objetos nos seus mil braços, em uma de suas facetas, Avalokitesvara. Objetos como punhais, flores de Lótus, espelhos, rodas, ramos de salgueiro, vasos, e muitos outros… Simbolicamente podemos abrir um leque de interpretações para cada um desses objetos, mas vamos ficar só com algumas. Por exemplo, o ramo do Salgueiro, que é a árvore conhecida no Brasil como Chorão. Se fizermos uma ponte com o universo dos florais, temos o Willow dos Floaris de Bach, feito dessa árvore, que trabalha muito a questão das infindáveis lamúrias e do vitimismo. Kuan Yin também é conhecida como “Aquela que escuta as lamúrias do mundo”. É possível estabelecer muitos traços entre os universos simbólicos.

Em muitas das representações artísticas de Kuan Yin, ela é vista com um vasinho na mão. Algumas tradições dizem que com este vasinho ela recolhe as lágrimas da humanidade. Há também aquelas que dizem que este é o símbolo da distribuição da energia cósmica, também conhecida por Chi, ou Espírito Santo, para usarmos uma linguagem ocidental.

Kuan Yin em suas múltiplas representações possui uma faceta que é a protetora dos pescadores. Seria uma Deusa do Mar, das Marés, das Ondas, dos Peixes e dos Navegadores. No sincretismo religioso poderíamos dizer que ela se assemelha, nesta faceta, à Deusa Yemanjá, da tradição das Religiões Afro.

Uma vez, em uma conversa com um ministro da Igreja Messiânica, ele me contou que Kuan Yin é muito conhecida por sua beleza divinal, sentada sobre uma deslumbrante flor de lótus. E que este é o seu aspecto mais conhecido. Mas que a maioria das pessoas desconhece o fato de que ela tem outras aparências mais densas. Em uma delas, ela é tão feia que precisa cobrir o rosto com um véu. E que ela tem a capacidade de descer aos infernos, ou zonas umbralinas, se formos usar uma linguagem espírita, para atuar diretamente no resgate de almas em sofrimento.

Psicologicamente, Kuan Yin representa uma variedade de aspectos de nós mesmos. A mãe compassiva. A jovem alegre. A guerreira. A curadora. A heroína. A doutrinadora. E tantos outros.

Espiritualmente, Kuan Yin é uma divindade de uma força simbólica impressionante, pois transita entre dimensões. Assim como o lótus que tem suas raízes no lodo fétido e suas flores alcançam os céus, Kuan Yin nos remete a nossa própria inteireza. Desde o nosso lado sombrio não integrado e não assumido até a glória de nossa presença espiritual mais luminosa. Sem rejeitar nenhum lado, nem a sombra, nem a luz. Usando a sombra como canal de transmutação e acesso aos planos sublimes da consciência.

Kuan Yin é conhecida como sendo uma Boddhisatva, termo que significa que ela poderia ter partido para outras paragens e dimensões espirituais mas escolheu permanecer próxima ao planeta terra, para auxiliar os humanos, até não sobrar nenhum ser em sofrimento.

Kuan Yin é uma grande intercessora integradora da consciência. Ela pode ser invocada sempre, seja qual for sua prática espiritual ou sua religião.

Um de seus mantras é o Om Mani Padme Hum. Em uma das possíveis traduções temos o “Eu Vejo a Jóia no Lótus”. Pode-se dizer que Ver a Joia no Lótus significa a sutil e poderosa capacidade humana de reconhecer a perfeição por trás de tudo e em todos. Colher a Luz escondida nas situações desafiantes. Beber do néctar do Entendimento, mediante uma questão difícil.

As simbologias orientais, para nós ocidentais, não podem ser compreendidas somente com o intelecto. Precisam ser vividas, sentidas, internalizadas.

Que a Deusa Kuan Yin nos ajude, como indivíduos e como coletividade, a atravessar a ponte entre a inconsciência e a Consciência, com Graça e Perseverança. Om Mani Padme Hum.

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